Para refletir...
É, no mínimo, revoltante, a atitude tomada pelo deputado carioca Edson Albertassi (PSB), que pretende apresentar um projeto de lei que revogam as leis que declaram a Umbanda, o Candomblé e os dias de Yemanjá, Yansã, Nanã e Oxum como patrimônio imaterial do Estado do Rio de Janeiro.
O deputado alega que estas leis ferem a Constituição Federal e teme que a manifestação eloqüente dos pregadores pentecostais, testemunhos de ex-macumbeiros e cultos de libertação possam ser atingidos, reitera ainda que precisam ser revistos os conceitos de cultura e religião, pois sob o viés de “cultura, algumas religiões vêm sendo beneficiadas pelo poder público em detrimento das outras". Segundo Albertassi, “foi assim que muitas leis beneficiando a Umbanda foram aprovadas na Assembleia Legislativa pelo seu colega deputado Átila Nunes. Não se trata de nada pessoal contra ele, mas sim contra a Umbanda e o Candomblé, que não podem se igualar aos evangélicos, estes sim, verdadeiros religiosos que não se baseiam em vodus e manifestações questionáveis." Reconhece o trabalho de décadas "do deputado estadual Átila Nunes em defesa de sua seita, mas existe um limite nas suas ações de reconhecimento e na busca de igualdade de tratamento da Umbanda e do Candomblé com as religiões cristãs".
Até quando poderemos tolerar questões desta natureza? Até quando ficaremos ficar a mercê de pessoas que insistem em não respeitarem a diversidade? Até quando carregaremos o estigma de demonizados, apenas por termos uma forma de culto que se diferencia da preestabelecida pela sociedade dominante?
Creio que é chegada a hora de virarmos definitivamente esta página que tanto nos fere e nos coloca em uma situação de marginalidade. É hora de fazermos valer nosso grito preso desde os tempos que nossos ancestrais aqui chegaram, e, por aqueles que, muitas vezes, deram sua vida pela graça do que acreditavam. Não queremos ser tolerados, tampouco contemplados com favores, não queremos a indulgência. Queremos legitimidade.
Portanto, é momento de fazermos valer nosso direito, que é garantido pela nossa Carta Magna, e através do voto conseguir eleger representantes engajados. Alguém, que seja mais uma firme voz, fazendo eco a nossa existência, para que juntos possamos, de fato e de direito reconhecer: - sou Afro-Umbandista sim!
CARTA ABERTA AOS PRATICANTES DA UMBANDA E CANDOMBLÉ
ResponderExcluirÉ com muito respeito que me dirijo a todos que se interessam pelo assunto. Tenho tido muita preocupação com as leis que transformaram a umbanda e candomblé e seus orixás em patrimônio imaterial do Estado do Rio, pois diferente da intenção dos autores, Átila Nunes e Gilberto Palmares, estas leis ferem a liberdade religiosa em nosso Estado, pois interferem diretamente na liturgia praticada pelos evangélicos e católicos.
Tenho certeza de que os projetos foram apresentados para homenagear as religiões afro, e não interferir nas práticas das demais religiões, mas infelizmente foi o que aconteceu. A liberdade religiosa conquistada quando da aprovação da constituição brasileira está ameaçada, pois com estas leis, deixamos de atuar no campo religioso para atuarmos no campo do patrimônio imaterial, que tem artigo próprio na mesma constituição. Com base em pareceres de juristas sobre a preservação de patrimônios imateriais é que pedi a revogação das leis. Externei isto no meu voto em plenário, quando da votação das matérias.
Me espanta ver este assunto distorcido, até porque, sempre lutarei pela liberdade religiosa em nosso país. Colocaram uma frase em minha boca, que eu jamais diria, "Não se trata de nada pessoal contra ele (Átila Nunes), mas sim contra a Umbanda e o Candomblé, que não podem se igualar aos evangélicos, estes sim, verdadeiros religiosos que não se baseiam em vodus e manifestações questionáveis". Eu jamais falaria isto. Eu nunca ataquei nenhuma religião, e nenhum religioso contrário ao que penso. Os Deputados autores me conhecem, eles sabem que eu nunca teria uma atitude perseguidora.
O Estado deve ser laico, sem predileções por alguma religião, por isto votei contra estas matérias, assim como também votei contra o ensino religioso nas escolas estaduais, pois penso que a educação religiosa não é atribuição do Estado, mas sim da família ou instituição religiosa. Trato a todos com respeito para obter o respeito de todos. Penso que temos uma grande oportunidade para debater este assunto. Estou a disposição para qualquer outro esclarecimento.
Edson Albertassi - Deputado Estadual.
Bem apropriado a abordagem deste assunto neste momento.Isto mostra a necessidade urgente de uma maior representatividade das Religiões de Matriz Afro no cenário político e social deste País.País este que teve seus alicerces erguidos e suas lavouras consagradas por um povo sofrido que o único alento e certeza que teve foi em relação a sua religião.Religião que continua a ser desrespeitada em sua essência por extremistas de outra religiões e pessoas desavisadas, ignorante da realidade Afro. Tudo que queremos é RESPEITO, talvez quando conseguirmos isto nossos sacerdotes possam voltar as suas atenções unica e exclusivamente para dentro de seus Terreiros, até lá precisamos deles também nas bancadas espalhadas por este País!
ResponderExcluirSOU AFRO-UMBANDISTA SIM!! E ELEITORA TAMBÉM!!
A maioria das pessoas, ou grande parte delas não conhecem a umbanda, criticam e não tem o mínimo respeito! Atribuo este fato à atos que deturpam a umbanda e demais religiões afro...
ResponderExcluirEnqto um de nós não estiver la em cima acredito que isso nunca vai mudar, sempre seremos os de "seita" adoradores do demônio. Como diz minha irmã ali em cima AFRO UMBANDISTA SIM!!! E ELEITORA TAMBÉM!!!
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